5 artistas e a geometria – construção e desconstrução

28.06 — 12.08.2017 | Galeria Cassia Bomeny
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Reunir um coletivo tem sido sempre uma tarefa delicada. Quando a proposta é mesclar artistas, linguagens, expressões, as dificuldades desse mundo se multiplicam. No entanto, a ousadia, que é própria dos seres inquietos, nos propicia essa oportunidade e vem, portanto, daí o gesto heroico que acatamos.

O eixo central do argumento se sustenta na vontade de exibir cinco artistas que se aproximam e se tornam íntimos, sem prejuízo da singularidade de suas escolhas diante do ilimitado da expressão. A Geometria – geom, tudo aquilo que em Matemática se ocupa do estudo do espaço e das figuras que podem ocupa-lo – é, na largada, o polo que nos une. O rigor formal permeia o sonho, constrói e desconstrói. Há uma arquitetura que se impõe, que edifica; mas há também uma ordem que deforma, implode, desmonta.

Rodrigo de Castro e Luiz Dolino perseguem mais de perto a rota euclidiana – exploramos figuras que não possuem volume. No entanto, apesar de trilhar aparentemente uma mesma estrada, há, por sorte, um divisor de águas que nos fertiliza. Rodrigo ousa dizer que está sempre em busca da cor que melhor se ajuste ao seu propósito: “descobrir uma cor traz uma sensação maravilhosa. É como encontrar o acorde num piano. ” Do meu lado, sou mais direto, cético. Preciso tão somente de quatro cores. Quaisquer, vindas não importa de onde. Minha pauta é o Teorema das Quatro Cores, de formulação simples, mas de demonstração complexa: dado um mapa, quatro cores são suficientes para colori-lo de forma a que regiões vizinhas não partilhem a mesma cor. Rodrigo está atrelado à uma poética que, por mais ortodoxa, o liberta. Eu, sonhando-me livre, na verdade sou cativo um rito arbitrário.

Manfredo de Souzanetto, no quinteto, é um moderador ou ponto de equilíbrio. Paradoxalmente, vem de sua obra o privilégio atribuído à presença do objeto que, antes de tudo, nos surpreende. Mais ainda talvez, nos assusta e perturba com sua arritmia. Extasiamo-nos diante da permanente proposta que visa a recomposição de um imponderável puzzle. Leva e traz. Diz e contradiz. Dialeticamente se impõe: cheios e vazios. O impasse enganoso conduz o nosso olhar para periferia irregular. A percepção sofre reveses. A catedral se estrutura e abriga uma arquitetura arquetípica.

Maria-Carmen Perlingeiro agrega o espanto – matéria prima da poesia – ao discurso que, em síntese, busca uma possibilidade de amalgamar as singularidades do grupo. Prismas, cones, segredos, luz e pedra, ouro, são palavras de ordem na compulsão criativa dessa artista que, por meio de delicada magia, impõe expansões da própria forma. Sem deixar espaço para especulações, provoca a reverberação da matéria e, infatigável, conduz o seu experimentalismo como reflexão diante de múltiplos espelhos. Humor, ambiguidade e sensualidade também fazem parte do seu léxico.

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